Professores criticam burocracia digital e sobrecarga em audiência na Câmara de Joinville

  • Mauro Schlieck/CVJ -

Secretaria de Educação prometeu novo sistema acadêmico e concursos públicos

A Comissão de Educação da Câmara de Vereadores de Joinville promoveu, na noite desta segunda-feira (18), uma audiência pública para discutir os impactos da burocracia digital, da informatização e dos procedimentos administrativos nas condições de trabalho dos servidores municipais da educação. O encontro reuniu professores, representantes sindicais e técnicos da Secretaria de Educação.

A vereadora Vanessa da Rosa (PT), proponente do debate, afirmou que a burocratização dos processos pedagógicos tem afetado a saúde de professores e familiares. Embora reconheça a necessidade de alguns procedimentos, a parlamentar disse que a tecnologia “não favorece os servidores como deveria” e que o processo pedagógico acaba em segundo plano. Ela também relatou casos de adoecimento em sala de aula e mencionou que a ausência de docentes na audiência estaria ligada ao “medo de represália”.

A vereadora Liliane da Frada (Podemos) ressaltou a desvalorização da carreira docente no país, mas ponderou que a secretaria municipal tem se mostrado aberta para ouvir as demandas.


Críticas de sindicatos e professores

A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sinsej), Mara Tavares, avaliou que a transferência de tarefas de recursos humanos e o excesso de planilhas para professores refletem “falta de preocupação com a qualidade do ensino”. Já Viviane Miranda, do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte), apresentou dados de pesquisa realizada em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), segundo a qual 65,7% dos professores relataram problemas de saúde mental e 27% admitiram já ter tido pensamentos suicidas.

Na tribuna, professores também reforçaram críticas. Maciel Frigotto afirmou que “a educação vive uma crise de significado”, com docentes tratados “como máquina” e estudantes “como números”. Ele ainda questionou a validade dos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), alegando que os alunos são preparados para provas, e não para aprender de fato.

Isabela Corrêa defendeu a redução do número de alunos por professor, destacando que a rede municipal tem média de 20,5 estudantes por sala, contra 13 na rede estadual e 8 no ensino federal. Ela também chamou atenção para o assédio moral nas escolas. Outros participantes, como Ivan Araújo e Otanir Mattiola, apontaram que a baixa adesão à audiência pública se deve à sobrecarga de trabalho e à necessidade de muitos professores complementarem renda em outras redes de ensino.


Resposta da Secretaria de Educação

Representantes da Secretaria de Educação participaram do debate. A diretora executiva Giani Magali da Silva de Oliveira anunciou a aquisição de um novo sistema acadêmico para tornar os relatórios mais práticos e destacou a realização de concursos públicos como forma de reduzir o número de alunos por sala. Sobre assédio moral, ela afirmou que a pasta tem implementado ações para o banimento da prática.

Já o diretor Cleberson Mendes disse que a formação continuada oferecida segue normas federais e atende às necessidades levantadas pelos próprios professores.

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