Audiência na Câmara expõe denúncias de violência obstétrica na Maternidade Darcy Vargas

  • Foto: Mauro Schlieck/CVJ -

Relatos de negligência, mortes neonatais e sequelas em partos marcam reunião

Na noite desta segunda-feira (29), o plenário da Câmara de Joinville recebeu uma audiência pública da Comissão de Saúde para debater o atendimento da Maternidade Darcy Vargas. Solicitado pelo vereador Pastor Ascendino Batista (PSD), o encontro foi marcado por relatos emocionados de famílias que denunciaram negligência, violência obstétrica e falhas graves no acompanhamento de partos.

Fabiane Rosa contou que perdeu o filho após sucessivas negativas da maternidade em realizar cesárea, mesmo diante de falhas em equipamentos. O bebê nasceu morto, após manobras forçadas, e a mãe acusou a unidade de priorizar interesses financeiros em detrimento da vida. Alex Kuehlkamp Schmoeller denunciou que a demora no diagnóstico de pré-eclâmpsia de sua esposa resultou em complicações graves e sequelas neurológicas permanentes no filho.

Outros relatos também chamaram atenção: Diene Lopes descreveu um parto traumático, realizado embaixo de uma goteira, seguido de um toque indevido por parte do médico. Jéssica de Souza Reis afirmou que sua filha nasceu com asfixia, paralisia cerebral e epilepsia após demora da equipe em agir. Já Sara Caroline narrou complicações vividas por sua cunhada, incluindo um corte acidental na bexiga durante a cesárea.

Diante das denúncias, o diretor da Maternidade Darcy Vargas, Fábio André Correia Magrini, anunciou a abertura de seis linhas de investigação sobre óbitos neonatais e mudanças nos protocolos da instituição. Ele reconheceu atrasos na apuração de casos anteriores, mas assegurou que não haverá impunidade em situações de negligência, imperícia ou imprudência. Também prometeu ampliar a transparência, instalar placas com canais de denúncia e garantir às gestantes o direito de escolher a via de parto, conforme projeto em tramitação na Assembleia Legislativa.

A representante da Gerência Regional de Saúde, Graziela Vieira de Alcântara, lembrou que todos os óbitos maternos, fetais e infantis são obrigatoriamente investigados e resultam em medidas corretivas. Já Maria Simone, do Comitê de Prevenção da Mortalidade Materna Infantil e Fetal, apresentou dados que mostram aumento na taxa de mortalidade infantil em Joinville entre 2022 e 2024, de 6,54 para 8,5 a cada mil nascidos vivos.

Entre os vereadores, Vanessa da Rosa (PT) criticou a naturalização de práticas inadequadas e cobrou maior divulgação sobre os direitos das gestantes. Neto Petters (Novo) defendeu capacitação para profissionais, e Henrique Deckmann (MDB) sugeriu políticas públicas específicas para mães enlutadas.

Como encaminhamento, Pastor Ascendino Batista anunciou que fará uma diligência surpresa na maternidade e protocolou projeto de lei para garantir a humanização do parto e o combate à violência obstétrica. A proposta prevê o direito de escolha da gestante, plano individual de parto, cartilha informativa e transparência nos dados da unidade. O texto segue agora para análise das comissões da Câmara antes de ir a votação em plenário.

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